Hoje apetece-se desabafar.
Hoje senti um limite de saturação pela milésima vez. Costuma
ser todas as 4ªf mas desta vez chegou mais cedo, a uma 3ªf. Sinto-me impotente,
sem rumo, sem vontade de prosseguir na investigação. Quero avançar, quero
terminar, mas tenho os pés e mãos atados. É tão mau depender de terceiros. E se
eu escrevi mal a tese, se o conteúdo precisa ser mudado, porquê arrastar tanto
tempo a decisão. Para que depois eu tenha de fazer as correcções finais em
tempo recorde e acabe com um esgotamento, só porque me “obrigaram” a um
relaxamento forçado por falta de notícias? E na volta ainda tem a lata de me
dizerem que ficou mal porque eu estava com pressa. Pressa?? Faz em Setembro 1
ano que entreguei a primeira versão da minha tese e faz hoje 6 meses que a
versão quase final está nas mãos de quem é devido para ser corrigido. Justificam-se dizendo que têm muito trabalho e por isso não têm tido tempo.
Com isto tudo existem propinas para pagar. E podiam existir
contas, não estivesse eu a viver com os meus pais e eles me “sustentassem” só
porque ainda não tenho condições para sair de casa.
Vão ocupando o meu tempo com bolsas para minimizar a culpa
da demora. Mas isto não é vida, estou quase a fazer 32 e com esta idade não é
fácil encontrar emprego nem na área nem em lado nenhum. Preferem contratar os
mais novos, aqueles que acabam de sair das universidades ou então já somos
demasiados nesta situação para tão poucas vagas no mercado. Outra hipótese é
imigrar. Mas o mais provável era arranjar novas bolsas num pais diferente, nada
de posições fixas. Não quero sair de Portugal. Este doutoramento tirou-me 6 dos
melhores anos da minha juventude e quero aplicar os meus conhecimentos cá e não
noutro sítio. Deviam ter sido só 4 anos, mas as dificuldades iniciais para obter
resultados fizeram prolongar o trabalho experimental para um 5 ano e as correcções
da tese levaram o 6.
Provavelmente já tenho habilitações a mais, terei de omitir mais
tarde o doutoramento na procura desenfreada por um emprego, se quero ter esperança em arranjar emprego. Porque o que
eu mais quero é estabilizar, ter condições para sair para sempre da casa dos
meus pais (que não caminham para novos) e constituir família. Assim bem se
podem queixar que cada vez mais as pessoas têm menos filhos ou são pais muito
tarde. E se tivermos em conta as noticias que saíram recentemente em que
denunciam que algumas empresas obrigam as mulheres a não engravidarem durante 5
anos, bem que não tenho filhos. Mas não faz mal, ainda não perdi a esperança
neste país nem de arranjar emprego. Mas esta esperança está cada vez mais
pequena e a demora em me corrigirem a tese não ajuda em nada a minha vontade de
querer sonhar.
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